Nos últimos dias, temos acompanhado, pelos noticiários e redes sociais, os movimentos do conflito envolvendo a Rússia e a Ucrânia, que vêm levantando discussões acerca dos interesses dos russos nesse território e da motivação do Governo ucraniano em fazer parte da OTAN (Organização Tratado do Atlântico Norte) em busca de apoio militar.
Para entender esse conflito é necessário retomar um pouco da história desses dois Países com raízes históricas originadas das tribos eslavas do leste europeu na Idade Média, que deu início a uma confederação conhecida como Rússia de Kiev. Esse passado comum é um dos argumentos utilizados pelo presidente russo, Vladir Putin, para justificar as ações de anexação de territórios sob a lógica de um só povo.
Após o fim da URSS em 1991, Rússia e Ucrânia deram início a uma série que disputas políticas e territoriais devido à aproximação do Governo de Kiev com o ocidente, fato que deixou os russos em alerta, mesmo após a assinatura do Grande Tratado, em 1997. Afinal, nesse acordo, a Rússia reconhecia as fronteiras ucranianas, incluindo a península da Crimeia que foi anexada pelo Kremlin em 2014, o que gerou novamente uma grande tensão geopolítica na região.
Nesse sentido, com o intuito de ampliar seu poder militar, desde 2014, a Ucrânia vem intensificando sua aproximação da OTAN, a fim de se proteger no artigo 5º do tratado que garante proteção militar a seus membros em caso de ataque. Essa negociação não é vista com bons olhos pelo Kremlin, pois teme-se a interferência dos países membros da aliança militar, com destaque para os Estados Unidos.
Além disso, os grupos separatistas que ocupam os territórios a lesta da Ucrânia são vistos como terroristas pelo governo de Kiev, que os acusam de apoiar as ações militares russas e com isso facilitar sua expansão pelo território. De acordo com as agências de notícias que fazem a cobertura do conflito, já foram disparados mais de 400 mísseis por parte das forças russas contra o território ucraniano.
Em resposta às ações militares do Kremlin, pela primeira vez, o mundo viu um bloqueio econômico contra uma grande potência política, militar e econômica, orquestrada pelos Estados Unidos e pela União Europeia, confiscando reservas internacionais russas, bem como proibindo os negócios de suas empresas e relacionamentos financeiros com os maiores bancos do País. Essas sanções buscam isolar a Rússia do mercado global e podem funcionar como uma arma letal com consequências de proporções jamais vistas devido à escala global de atuação econômica do mundo contemporâneo.
Seria ingênuo de nossa parte tentar achar uma motivação específica para um conflito de tamanha expressão e potencial de destruição e influência geopolítica. Vale ressaltar que uma região marcada por confrontos Vikings, Guerras Mundiais e pela formação e desmoronamento da extensa e poderosa URSS não pode ser analisada de forma simplista.
Dessa forma, podemos destacar que não existe um motivo específico, mas sim situações motivadoras como conflitos étnicos que se arrastam desde a Idade Média e ganharam ainda mais força com o fim da URSS, intervenções militares e objetivos claramente econômicos para a anexação de áreas ricas em recursos naturais, com destaque para o Gás Natural. Por fim, e não menos importante, há ainda o temor da aproximação entre Ucrânia e a OTAN, o que ampliaria o poder de intervenção e controle dos EUA sobre o leste europeu.
Assim, a partir dessas análises, podemos entender que esse conflito não se iniciou no último dia 24/02, em que a Rússia invadiu o território ucraniano com o objetivo de anexá-la, e nem irá se resolver em um aperto de mãos rodeados por sujeitos engravatados, visto que as marcas deixadas nos territórios, bem como nos corpos dos feridos, na alma dos que perderam seus entes queridos e no inconsciente coletivo, não dependem somente de uma assinatura, mas sim de um pacto supranacional e, sobretudo, humanitário com uma série de acordos e ações pela paz de forma definitiva.
Comentários