Há 20 anos, o mundo assistia ao maior atentado terrorista da história dos Estados Unidos. Fazem parte da memória de muito de nós, as imagens “ao vivo” das Torres Gêmeas do World Trade Center desabando, no dia 11 de setembro de 2001, após serem atingidas por dois aviões comerciais. Logo após as cenas de terror, Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda, assumiu, por um vídeo, ter planejado ao ataque.
Alguns meses depois, o governo norte-americano divulgou a chamada Guerra ao Terror, uma coalisão militar internacional, liderada pelo país atacado, que tinha por objetivo acabar com a ameaça terrorista no mundo. Nesse contexto, o primeiro alvo internacional foi o Afeganistão, país dominado, na época, pelos Talibãs, um grupo governamental vinculado aos extremistas da Al Qaeda.
Sabe-se que o regime Talibã prega uma versão ultraconservadora do islã, chamada wahabismo, adotando uma interpretação muito específica da religião, segundo a qual a cultura ocidental é uma ameaça para as tradições islâmicas. Por causa dessa visão, no primeiro período do regime extremista no Afeganistão, de 1996 a 2001, as mulheres não podiam estudar ou trabalhar, só tinham a possibilidade de sair de casa usando burca e acompanhadas por um homem da família.
Ao longo do período de ocupação, o Talibã fez sua vítima mais famosa, Malala Yousafzai, jovem paquistanesa que se tornou, mundialmente, conhecida após ter sido baleada na cabeça em 2015, aos 15 anos de idade. O atentado se deve ao posicionamento de Malala contra a proibição dos estudos para as mulheres no seu país. Fato que a tornou a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel da Paz.
Ademais, a invasão do Afeganistão se tornou a guerra mais longa dos Estados Unidos e, há anos, presidentes americanos se comprometem com a desocupação de soldados daquele país. Em 2020, Donald Trump assinou um acordo com os Talibãs por meio do qual firmou o compromisso mencionado. Porém, as tropas estadunidenses deixaram o território afegão apenas recentemente, em agosto de 2021.
Apesar da interferência norte-americana, nas últimas semanas, a imprensa internacional noticiou a volta dos Talibãs ao poder no Afeganistão com força total. Em questão de dias, a maioria das províncias afegãs e a capital Cabul foram tomadas pelos líderes do regime. Em função disso, assistimos à fuga de afegãos pelo aeroporto da principal cidade e à preocupação da comunidade global, especialmente com relação às mulheres, pela retomada do governo por parte dos radicais.
Dessa forma, o Talibã já mostra sinais de ser um regime ultraconservador, apesar de ter afirmado que pretende agir de forma moderada em relação aos governos e às instituições internacionais. Entretanto, o país já passa por um “apagão da imprensa”, uma vez que jornalistas foram atacados e muitos já fugiram do território afegão.
Razão pela qual, instituições defensoras dos Direitos Humanos se mostram muito preocupadas com o desenrolar da situação. Isso porque os Talibãs demonstraram força e organização suficientes para estabelecer um governo no país. As possíveis consequências desse panorama são os grandes retrocessos, sobretudo, na área educacional e acadêmica.
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