Educação Infantil e anos iniciais: os reais desafios da escola frente a geração Tik-Toker

18 out 2022

Os Colégios do Grupo SAEA proporcionam, há mais de 60 anos, uma educação de excelência aliada aos constantes investimentos em infraestrutura e tecnologia. Nossos alunos contam com uma moderna metodologia de ensino que oferece aparatos como lousas digitais, tablets e Chromebooks, como meio para aulas mais interativas e atraentes.

Com a implementação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), tivemos a oportunidade de revisar o Currículo da Educação Infantil e séries iniciais, repensando sobre práticas pedagógicas consistentes para colocar a criança no centro do processo de aprendizagem. Para isso, foi fundamental entender como as crianças aprendem e quais as melhores estratégias para apoiar suas aprendizagens a partir de um profundo respeito aos seus direitos.

É importante compreender a geração que habita nossos espaços físicos: alunos de um novo século, nativos digitais, imediatistas que já nasceram inseridos num mundo tecnológico, rodeados de informações, mas que, geralmente, precisam ser treinados a aprofundar seus conhecimentos.

Diante desta realidade, no Colégio Agostiniano São José, investimos na troca de experiências entre os educadores, que resgataram sua própria infância, refletindo sobre suas vivências e montando um portfólio para compartilhar aquilo que marcou a sua geração. O resultado foi um bate papo encantador, no qual o grupo debateu sobre o desenvolvimento infantil e sobre como podemos atingir nossos alunos, que possuem características diferentes e que aprendem de uma nova maneira. Foi possível reviver memórias afetivas, percebendo a singularidade de cada história e o que foi vivido nesse ciclo, refletindo na construção de nossa identidade.

Chegamos, juntos, à conclusão que a criança, antes de chegar na escola, já traz consigo saberes, histórias de viagens, das famílias, e que são crianças potentes e completas, porém em desenvolvimento. As experiências vividas na infância são estruturantes para a formação do indivíduo adulto, sendo assim, devemos promover experiências que beneficiem amplamente todos os aspectos do seu desenvolvimento.

A aula expositiva já não atinge integralmente nossas crianças. O conhecimento é de grande valia para ter bons resultados, mas o aluno precisa entender para que servem os conceitos e como aplicá-los na prática e, por esse motivo, se faz necessário estimular a curiosidade, a criatividade e a argumentação, tornando o aluno protagonista e envolvido no processo de aprendizagem.

A escola precisa ser um espaço em que, diferentemente da internet, são cultivadas as relações pessoais e as oportunidades de lidar com as mais diversas opiniões. Por isso, o trabalho coletivo permeia nossas aulas, em diferentes momentos as crianças trabalham em duplas, trios ou grupos. Na maioria das vezes atuam projetos, onde podem tornar-se pesquisadores, levantando suas hipóteses e criando suas próprias teorias.

Na Educação Infantil, a criança vivencia os projetos de maneira lúdica e concreta, conhece o mundo por meio de histórias e brincadeiras, utiliza-se das cem linguagens para aprofundar nos conhecimentos e só depois das experiências vividas é que ela passa fazer o registro. Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, o trabalho com projetos tem como foco o aprendizado dos conhecimentos adquiridos e não o acúmulo de informações. As metodologias são centradas no trabalho com situações-problemas e desafiadoras.

Com isso, temos como intenção pedagógica favorecer a construção da autonomia intelectual dos alunos, proporcionar a interação e cooperação dos trabalhos em equipe, valorizar o conhecimento prévio, criar situações que aproximem, o mais possível, da versão social das práticas e conhecimentos que se convertem em conteúdo na escola.

Sendo assim, passamos a adotar um planejamento reverso, onde as habilidades a serem desenvolvidas passam a ser prioridade no plano anual. Acreditamos que dessa forma, o aluno agostiniano terá uma formação integral e global para a construção de uma sociedade mais justa, ética, democrática, responsável, inclusiva, sustentável e solidária.

Juliana Prieto Magalhães.